Horácio VIEIRA DOS SANTOS ®
- Nascimento: 14 Fev 1930, Praia, Santiago, Cabo Verde 1
- Partnership (1): ? Lopes TEIXEIRA
- Casamento (2): Licínia Araújo RIBEIRO ® a 24 Mar 1955 na Praia, Santiago, Cabo Verde
- Óbito: 6 Jul 2019, Praia, Santiago, Cabo Verde com 89 anos de idade 1
- Sepult.: 9 Jul 2019, Praia, Santiago, Cabo Verde
Horácio também usou o nome Lalaxo.
Eventos de relevo na sua vida:
• Facebook (acesso condicionado às restrições impostas pela pessoa): clique aqui
• Foto amizade: com o colega e amigo Benoni. É o na nossa direita
• Foto do casamento: a 26 Mar 1955,.
• Foto de corporação: funcionários do Hospital da Praia,,. Na fotografia, da nossa esq.- dta.:
· Dinizona ,· Benoni · Lalachu · Sr. Té · Danielson
• Comunicado: emitido por um grupo de cabo-verdianos que, a 4 Jun 1974. Residiam em Lourenço Marques.
Ver o recorte ao lado extraído de uma nota publicada em 20-6-1974 no último número (nº 619) do semanário capitalino "O Arquipélago". NB: todos os que, nesta lista, estão assinalados com um ponto vermelho e realçados a amarelo, têm uma página genealógica nesta árvore.
• Nota biográfica: história do amor do casal, a 14 Fev 2014,. Contada em entrevista a Cláudia Marques da mulher.sapo.cv:
Ainda existem amores como o de Horácio e Licínia Ela menina do coro. Ele o moço das artes. O namoro começou à porta da igreja e perdurou por quase dois anos às escondidas. Horácio e Licínia Santos completam este ano, em Março, 59 anos de casados. Se conseguiam viver um sem outro? A resposta é pronta: Não! "Se Deus nos der vida e saúde será até o fim dos nossos dias". O segredo, asseguram, está na compreensão. Ainda existem amores assim.
Corria a década de 50 quando Horácio e Licínia se conheceram. eles estavam outros tempos. Viviam ambos na Praia mas as suas vidas corriam em sentidos diferentes até se cruzarem na igreja.
Licínia era ainda menor e andava na escola com as irmãs de caridade na sacristia da igreja. Na altura não existia liceu. Horácio, cinco anos mais velho, já trabalhava na Imprensa Nacional como tipógrafo.
"Eu ia às missas … ele também. Fugíamos para o jardim, para conversar, enquanto colegas ficavam atentos às famílias. E assim começou o namoro", recordam.
Um namoro que caracterizam de 'diferente' comparativamente com o que acontece nos dias de hoje. Andar de mãos dadas ou abraçar-se em público não eles estavam sequer cogitados. "O namoro no nosso tempo era fruto proibido. As moças fugiam por causa das Irmãs. Nós, os rapazes, fugíamos porque não tínhamos boa fama. Era o conceito da sociedade cabo-verdiana de que os moços são todos malandros e que não pensavam em casamento nem nada" explica Horácio.
"Como ele gostava do seu baile e de teatro, achavam que não era marido apropriado para uma miúda de uma família tão religiosa" explica Licínia que garante que foi ele o primeiro a mostrar interesse. "Não me deixava em paz. (risos) E os amigos diziam: cuidado que ele é malandro!".
O certo é que o namoro durou cerca de dois anos e mais de metade desse tempo, às escondidas. Até o dia em que os pais de Horácio foram falar com os de Licínia para que dessem autorização para o casamento. "O meu pai foi à conservatória e pagou 90 escudos. De modo que ele diz que comprou-me por 90 escudos", sorri.
O casamento aconteceu com pompa e circunstância, à moda antiga, ela com 19 anos e ele com 24. E não tardou a dar frutos: cinco! Todas meninas. Sendo que a última nasceu em Moçambique onde o casal passou boa parte de suas vidas.
"Nessa altura eu já trabalhava como funcionário da saúde, depois de ter concluído os estudos, e concorri para ir trabalhar em Moçambique e fiquei classificado", lembra Horácio.
Rumaram de armas e bagagens para Nampula. As terras de África conquistaram-os e, rendidos, estabeleceram-se mais tarde por Xai Xai e Lourenço Marques (Maputo) de onde só saíram depois do '25 de Abril'. "Ficávamos em Moçambique se houvesse condições depois da independência. As miúdas (filhas) estavam no liceu e não tínhamos interesse nenhum na altura de ir para Portugal mas começaram a haver coisas desagradáveis principalmente nas escolas. Ficávamos no trabalho preocupados com a segurança delas", lamentam.
Na época trabalhavam os dois nas finanças, em Maputo, e acabaram mesmo por deixar o país rumo à metrópole como funcionários do Estado. Por lá mantêm-se até hoje.
"Compreensão é a chave de tudo"
Para o casal o truque da longevidade de qualquer casamento é existir muita compreensão. É isso que faz a família viver em paz. "O que pensam que amor é? Só abraçar, estar bem, sempre agarradinhos? Todas as rosas têm espinhos", assegura Licínia.
Para a matriarca, a partir do momento em que se faz a opção de ficar ao lado de uma pessoa tem que se estar consciente que haverá coisas de que não se vai gostar. "Não posso querer ser igual a ele. Tenho que o respeitar e vice-versa.".
Horácio não esconde que fez as suas 'asneiras' mas pensa da mesma forma que Licínia. "Todos iguais, todos diferentes. Se ficámos 60 anos juntos é porque compreendemos um ao outro, não é?".
Apesar de ambos partilharem desta visão simplificativa da vida e dos muitos anos em comum, defendem que quando o marido e a mulher não se entendem o melhor é cada um ir para o seu lado. "Não vale a pena estar a 'injuriar' um ao outro. Não queres, não dá, então olha vai-te embora que pesas muito. Ficar a sofrer toda a vida para manter o casamento, ou por causa dos filhos, é que não", diz Licínia determinada.
Fazem uma análise dos casamentos 'modernos' e não têm dúvidas! Muitos não dão certo porque não há conversa e a mulher quer, em alguns aspectos, equiparar-se ao homem. "Hoje se o homem sair às oito da noite e a mulher não for junto, porque o marido não a levou, sente-se no direito de sair também. Isso já não dá ... Até porque há uma coisa que eu sempre digo: qualquer manchinha que cai na mulher fica. O homem não mancha", sustenta Licínia.
"Ele diz que foi ele que me aturou mas eu é que o aturei (risos)"
Horácio e Licínia gozam agora as reformas em Portugal mas fazem visitas frequentes a Cabo Verde onde podem contar com a companhia de duas filhas. Orgulham-se da família grande, unida e respeitadora que formaram. "Temos sete netos e cinco bisnetos. Quando estamos todos juntos é um forrobodó", contam felizes. A fase de 'namoro' persiste até hoje - passados tantos anos - e a cumplicidade entre o casal está à vista de todos.
Ela é quem cuida: dele e de tudo o resto. "Em casa manda ela", remata Horácio. E é esse o maior defeito que Licínia vê no companheiro. "É mais malandrice do que defeito. Deixa tudo em cima do meu ombro e eu é que cuido de tudo. E é muito senhor das razões. Acha que está sempre bem".
Em contrapartida admite que o ser meigo é a maior virtude de Horácio. "Sou muito amoroso e beijoqueiro … sou capaz de pedir 100 beijos num dia", sorri enquanto espreita a reacção de Licínia.
Se conseguiam vivem um sem o outro? Para ambos esta nem é uma questão que se coloca. E a resposta é pronta: Não! "Ele fica a dizer que qualquer dia vai 'desta para melhor' e eu digo: não vais a lado nenhum. Todo este tempo a aturar-te … agora só vais quando eu for", brinca Licínia.
E finaliza: "Se Deus nos der vida e saúde será até o fim dos nossos dias"
• Atividade profissional: 2012. © Jorge Martins 2012 - Lalaxo, um Homem Sábio - Estudioso dos Usos e Costumes de CV, Actor, Encenador Badjador de Funáná
• Foi sepultado no Cemitério da Várzea.
• Sepultura/Campa.
Horácio had a relationship with ? Lopes TEIXEIRA.
Horácio a seguir casou com Licínia Araújo RIBEIRO ® a 24 Mar 1955 na Praia, Santiago, Cabo Verde. (Licínia Araújo RIBEIRO ® nasceu a 24 Jun 1935 na Praia, Santiago, Cabo Verde.)
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