Eufémia Delgado MIRANDA ®
(1903-1987)

 

Relações da família

Cônjuges/Filhos:
1. João Manuel SILVEIRA ®

Eufémia Delgado MIRANDA ®

  • Nascimento: 2 Set 1903, Santo Antão, Cabo Verde 1
  • Casamento (1): João Manuel SILVEIRA ®
  • Óbito: 6 Mar 1987, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde com 83 anos de idade 1
  • Sepult.: Mar 1987, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

Símbolo   Eufémia também usou o nome Maria Bibi.

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Símbolo  Eventos de relevo na sua vida:

• O que se conta desta pessoa. Amilcar Pires
4 de agosto de 2020 ·

ELA
Existem em muitas famílias cabo-verdeanas uma verdadeira heroína ou um distinto herói, a quem os descendentes estarão, conscientes ou não, eternamente em divida.
Esta é a história da minha família materna, uma história comum a muitas outras famílias caboverdeanas!
Espero, com esta partilha, fazer-vos recordar a origem humilde e a vida sacrificada, comuns a muitos de nós, mas que, teimosa e reiteradamente, insisitimos em, por vezes, esquecer ou apagar.
Quem foi a matriarca da Família Silveira? Como melhor descrever esta verdadeira heroína negra, muito educada e de feições que enraízam a nossa origem africana?
Mulher forte, alta de estatura, presença imponente. Católica convicta, analfabeta, empregada doméstica em casa dos ingleses. Vendedeira do mercado que se tornou, por esforço e mérito próprios, proprietária de terras e outros patrimónios, cuja venda ou renda, estratégicamente planeadas e coincidentes com o término dos estudos liceais dos seus descendentes, permitiram-lhes o acesso a estudos superiores e técnicos, abrindo caminho para o seu sucesso profissional nas mais diversas áreas e em diversas sociedades espalhadas pelo mundo.
De seu nome Eufémia Delgado Miranda, Maria Bibi, originária de Santo Antão, Ribeira Grande - Lombo Branco - e Paul, moldou, directa ou indirectamente, a forma de ser e estar e mudou o destino de todos os Silveiras que se lhe seguiram.
A história é de humildade, luta e, principalmente, dignidade, e pretende mostrar aos mais novos que as suas conquistas de hoje, independentemente do mérito próprio, têm como pano de fundo comum a vida desta matriarca extraordinária que, desde cedo, ensinou aos filhos e netos de sangue e os "criados", o valor do trabalho e do sacrifício, o amor ao cultivo da terra, e à terra, e, sobretudo, a importância do conhecimento e do estudo.
Acordava de madrugada para se inteirar da "merada" em Monte Verde, Fundo de Selada Baleia, Selada Baleia, Mato Inglês, regressando à "morada" à tardinha, numa altura em que não havia estradas, para, ainda, cuidar dos seus.
Penhorava ouro para revender a um maior preço, fazia compras em Santo Antão, onde gozava de crédito, para revender no mercado onde possuía algumas pedras.
Viveu a fome, palavra que ela não admitia ser utilizada na sua presença, mantendo a sua casa de portas abertas para acolher os que menos tinham, evitando que muitos padecessem desse mal. O trauma da fome era tão presente que ela mantinha reservas enterradas de alimentos, precavendo-se assim de situações mais difíceis.
O seu espírito solidário ficou espelhado, por exemplo, nas "festas de rei" de caracter público, nas inúmeras "cmida d'onje", no lindíssimo presébio, visitado por muitos e em que não faltavam mimos para todos, nas visitas dominicais, que fazia e impunha aos seus, ao hospital e à cadeia, levando na bagagem afecto e alento a acamados e presos, ainda que desconhecidos.
A todos ensinou o caminho da dignidade, assumindo o pão nosso de cada dia dos filhos e netos e de outras crianças que, por caridade e espírito cristão, solidariamente "adoptou".
Apesar de analfabeta, sempre incentivou e apoiou os estudos de todos aqueles que esta via quiseles estavam trilhar, lutando incansavelmente para o sucesso dos filhos e dos netos.
A sua persistência, forte personalidade, espírito solidário, reação alérgica e epidérmica às injustiças, desafiante aos obsctáculos, plantou um embrião que tornou os Silveira em gente de causas e ideias, lutadores por tudo aquilo que acreditam.
A sua herança é tão presente que as matriarcas das diferentes gerações caracterizam-se por um amar forte, são difíceis de acompanhar na energia com que enfrentam as adversidades da vida, não importam em seguir com bravura o caminho traçado e sobretudo jamais aturam abusos de ninguém... e são tudo para quem as sabe amar... no fundo têm um coração enorme e uma sensibilidade única, daí a exigência igual manto autoprotector... mas acreditem, ELAS NÃO PRECISAM DE NINGUÉM PARA SER... E SÃO TUDO PARA A FAMÍLIA.
À nossa Maria Bibi, que soube criar, educar e amar os seus e muitos outros, um OBRIGADO do tamanho do seu enorme coração de MÃE, sobretudo pela herança que, consciente e/ou inconscientemente, obrigou os seus descendentes a seguir por trilhos por vezes mais difíceis e, por isso, mais honrosos.
A melhor homenagem que podemos prestar à nossa matriarca é, simplesmente, lutarmos para conquistar os nossos sonhos, independentemente da geração a que pertencemos.
(Karina e Amilcar Silveira)



• Foi sepultada no Cemitério Municipal do Mindelo em Mindelo, São Vicente, Cabo Verde.



• Sepultura/Campa.


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Eufémia casou com João Manuel SILVEIRA ®. (João Manuel SILVEIRA ® nasceu a 13 Abr 1902 em Cabo Verde,1 faleceu a 19 Out 1971 em Mindelo, São Vicente, Cabo Verde 1 e foi sepultado em Out 1971 em Mindelo, São Vicente, Cabo Verde.)


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Fontes


1 Data na lápide, placa ou cruz tumular.

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