Francisco de Paula Gomes BARBOSA ¹

  Eventos de relevo na sua vida:

• Nota biográfica: por Maria de Lurdes Caldas, em 1866,. Francisco de Paula Gomes Barbosa, baptizado em Março de 1849, era filho de João Gomes Barbosa e de Constança Augusta de Medina e Vasconcelos, neto materno e sobrinho-bisneto paterno do poeta Francisco de Paula Medina e Vasconcelos. Foram seus padrinhos de baptismo os tios José Maria de Medina e Vasconcelos e Maria (Constança) Medina Gardner. Francisco de Paula foi um dos muitos filhos das famílias da oligarquia do Fogo a passar pela Escola Politécnica, onde se procurava dar uma boa preparação científica aos que pretendiam seguir a carreira militar (vd. fotografia ao lado). Como habilitações literárias, para além do curso preparatório de Marinha da Escola Politécnica, concluído em Julho de 1868, tinha o curso da Escola Naval, terminado em Julho de 1870. Em 1871, recebeu um louvor pela sua actuação durante a expedição militar enviada à Guiné como retaliação contra os manjacos da praça de Cacheu, que haviam morto o governador da Guiné, o bravo capitão Álvaro Teles de Meneses Caldeira Castelo-Branco e Vasconcelos, em Janeiro daquele ano. Serviu como comandante interino e como elemento de guarnição na estação naval de Moçambique, de Novembro de 1875 até Abril de 1877; entre estas comissões e depois do regresso de Moçambique, serviu também elemento de guarnição da Escola Prática de Artilharia Naval; de Junho a Agosto de 1878, esteve ao serviço do rei em Cascais. Voltou a cumprir comissões em terra como promotor ou como vogal de conselhos de guerra.

• Atividade política: por Maria de Lurdes Caldas, a 7 Dez 1878. A 7 de Dezembro de 1879, realizaram-se na província de Cabo Verde eleições para deputados às Cortes. Francisco de Paula, então segundo-tenente da Armada Real, concorreu pelo Partido Regenerador contra o ex-secretário-geral do Governo (e futuro governador) de Cabo Verde João Cesário de Lacerda, que era o candidato progressista e governamental. Francisco de Paula obteve 1435 dos 2537 votos, ou seja, 56,56 por cento do total. Lacerda ficou-se pelos 1102 votos (em 1886, Lacerda concorrerá novamente por Cabo Verde e será eleito). Francisco de Paula Gomes Barbosa foi, pois, eleito deputado pelo círculo de Sotavento, e João de Sousa Machado, neto de Manuel António Martins, pelo de Barlavento. Deputado em várias legislaturas, por portaria de 25 de Julho de 1883, foi nomeado vogal da comissão incumbida de dar parecer acerca da reclamação contra as tabelas das pautas aduaneiras da província de Cabo Verde.

• Cargo: Governador da Guiné Portuguesa, a 26 Dez 1884. A 26 de Dezembro de 1884, Francisco de Paula foi nomeado governador da Guiné Portuguesa e a 17 de Março desembarcou em Bolama, onde, no mesmo dia, tomou posse do Governo.

• O que se conta desta pessoa: por Maria de Lurdes Caldas, em 1885-1886. A 5 de Janeiro de 1885, propôs ao Ministério da Marinha e Ultramar o primeiro-sargento aspirante a oficial de Cavalaria n.º 4, Manuel José do Sacramento Monteiro, seu primo-irmão, para seu ajudante-de-campo. É interessante analisar a composição da Junta de Fazenda da Guiné nesta altura: Francisco de Paula era, por inerência do cargo de governador, seu presidente; João Carlos da Fonseca era seu secretário; Nicolau Carlos de Medina integrava-a como delegado interino da comarca; Júlio César Jansen Verdades (o reinol de Carnide que foi casado com Isabel Henriqueta de Medina e uma meia-irmã desta, Eugénia de Medina, ambas netas de António Emídio de Medina e Vasconcelos e de Luísa Cândida de Araújo) era o seu novo tesoureiro interino. Ou seja, a Junta da Fazenda era pelouro da família! As nomeações feitas por Francisco de Paula levariam a que fosse acusado de nepotismo (contudo, se é verdade que Francisco de Paula não de coibiu de distribuir os primos pelos principais cargos públicos, também o é que os recrutáveis para o desempenho de certas funções não abundavam na Guiné daquele tempo).

Francisco de Paula Gomes Barbosa acabou por ser exonerado pelo ministro Henrique de Macedo em Julho de 1886. Foi uma comissão turbulenta, não apenas pela conflitualidade com parte da população nativa, como pelo alcance da contenda em que Francisco de Paula e o primo Proché (José Barbosa Monteiro de Macedo) se envolveles estavam (vd. figura). Depois de deixar o governo da Guiné, Francisco de Paula foi depois capitão de vários portos, no Reino e no Ultramar.

• Aposentou-se capitão-de-mar-e-guerra.

Francisco casou com Amália Gomes BARBOSA, filha de Benjamim Gomes BARBOSA e Luísa Vieira de VASCONCELOS. O casamento acabou em divórcio. (Amália Gomes BARBOSA nasceu a 20 Abr 1861 em N. Senhora da Conceição, São Filipe, Fogo, Cabo Verde ², baptizado a 13 Out 1861 em N. Senhora da Conceição, São Filipe, Fogo, Cabo Verde ² e faleceu em †.)

  Notas sobre o casamento:

Por sentença de 30 de Janeiro de 1901, Amália Gomes Barbosa, mulher de Francisco de Paula, que intentara uma acção de separação de pessoas e bens contra o marido e primo, viu reconhecido o seu pedido.